42% das Vítimas Fatais de Acidentes de Trânsito no Espírito Santo Usaram Álcool e/ou Drogas

Um levantamento inédito realizado pela Polícia Científica do Espírito Santo revelou que 42% das vítimas fatais de sinistros de trânsito entre 2013 e 2023 haviam consumido álcool e/ou drogas antes dos acidentes. O estudo analisou laudos toxicológicos do Laboratório de Toxicologia Forense (Labox) e do Instituto Médico Legal (IML) de Vitória durante esse período de dez anos.

A Metodologia do Levantamento

Foram analisados 3.559 sinistros de trânsito, e em 73% desses registros foi realizada a análise de drogas e álcool. A pesquisa foi conduzida em parceria entre a Polícia Científica, a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), com o uso de inteligência artificial para identificar informações de sexo e raça nos laudos toxicológicos.

Principais Resultados: Álcool e Cocaína em Maioria

O estudo apontou que 42% das vítimas de acidentes estavam sob o efeito de álcool e/ou outras drogas. A maioria dessas vítimas era parda, do sexo masculino e tinha idades entre 18 e 29 anos. O estudo também detalhou os tipos de substâncias consumidas:

  • 32% das vítimas estavam sob efeito de álcool
  • 11% haviam consumido cocaína
  • 8% estavam sob o efeito de maconha
  • 1% havia consumido anfetamina

A chefe do LabTox, Mariana Dadalto, explicou que o estudo incluiu todas as vítimas de sinistros, mas não foi possível determinar se elas estavam dirigindo os veículos no momento dos acidentes.

Perfil das Vítimas por Faixa Etária e Substâncias

O levantamento revelou também um padrão em relação ao sexo e faixa etária das vítimas:

  • O sexo masculino apresentou uma maior positividade nas análises em comparação com o feminino.
  • As faixas etárias mais afetadas foram de 25 a 44 anos.
  • Entre as faixas etárias, os jovens de 18 a 24 anos foram os que mais consumiram maconha e canabinoides.
  • Já os indivíduos entre 30 a 34 anos apresentaram maior proporção de uso de cocaína.

O Impacto das Drogas no Trânsito: Anfetamina Identificada Pela Primeira Vez

O estudo também identificou pela primeira vez a presença de metanfetamina em um motorista de caminhão que faleceu em um acidente ocorrido no final de 2024, em Aracruz, no Norte do Espírito Santo. A metanfetamina é um estimulante potente do sistema nervoso central, que pode prejudicar significativamente as habilidades de direção, provocando:

  • Aceleração excessiva do veículo
  • Dificuldade na frenagem
  • Visão turva
  • Diminuição dos reflexos

Esses efeitos aumentam as chances de acidentes fatais, como o registrado em Aracruz.

A Preocupação com os Rebites: Substância Proibida no Brasil

Desde 2024, também foi constatada a presença de anfetamina em rebites, substância utilizada por motoristas para inibir o sono. Segundo o perito César Rezende, muitos motoristas não sabem que estão tomando anfetamina, já que o rebite é um comprimido não registrado na Anvisa. Essa substância é altamente viciante e pode causar dependência, com a pessoa precisando de doses cada vez maiores. Quando o efeito desaparece, o motorista sente sonolência extrema e cansaço.

Políticas Públicas para Combater Acidentes de Trânsito

De acordo com o perito oficial-geral, Carlos Alberto Dalcin, os dados obtidos com esse estudo servirão como base para a criação de políticas públicas voltadas para a contenção de acidentes de trânsito no Espírito Santo. O governo estadual, em conjunto com a campanha Maio Amarelo, está focado em reduzir mortes violentas no trânsito e melhorar a segurança viária.

Sobre o Autor: Redação Olateral54

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